Hoje tive o prazer de ler dois poemas da polonesa Wisława Szymborska, publicados no excelente blog do escritor Carlos Emerson Junior (recomendadíssimo, aí na listinha da direita). Por 12 pequenas coletâneas de poemas, ela já abocanhou um Prêmio Nobel de Literatura, em 1996. Por aí se vê a força de seus textos.
Reproduzo abaixo os dois selecionados por Carlos, para que sempre possamos lê-los também por aqui 😉
***
Cem pessoas
Em cada cem pessoas
Aquelas que sempre sabem mais:
cinquenta e duas.
Inseguras de cada passo:
quase todo o resto.
Prontas a ajudar,
desde que não demore muito:
quarenta e nove.
Sempre boas,
porque não podem ser de outra maneira:
quatro — bem, talvez cinco.
Capazes de admirar sem invejar:
dezoito.
Levadas ao erro
pela juventude (que passa):
sessenta, mais ou menos.
Aquelas com quem é bom não se meter:
quarenta e quatro.
Vivem com medo constante
de alguma coisa ou alguém:
setenta e sete.
Capazes de felicidade:
vinte e alguns, no máximo.
Inofensivos sozinhos,
selvagens em multidões:
mais da metade, por certo.
Cruéis,
quando forçados pelas circunstâncias:
é melhor não saber
nem aproximadamente.
Peritos em prever:
não muitos mais
que os peritos em adivinhar.
Tiram da vida nada além de coisas:
trinta
(mas eu gostaria de estar errada).
Dobradas de dor,
sem uma lanterna na escuridão:
oitenta e três,
mais cedo ou mais tarde.
Aqueles que são justos:
uns trinta e cinco.
Mas se for difícil de entender:
três.
Dignos de simpatia:
noventa e nove.
Mortais:
cem em cem –
um número que não tem variado.
***
Exemplo
O vendaval
à noite arrancou todas as folhas de uma árvore,
menos uma,
deixada
para balançar só num galho nu.
Com este exemplo
a Violência demonstra
que sim –
às vezes ela gosta de se divertir.
Fico me perguntando porque só agora fui descobrir os poemas dessa polonesa genial! O post ficou ótimo, Cristina. Um abração.
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Eu também nunca tinha lido nada dela! É demais! Vou procurar algum livro no Brasil para conhecer melhor 🙂 Obrigada!
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“Inofensivos sozinhos, selvagens em multidões: mais da metade, por certo.”. Logo depois de ler isso, recebi do jornalista Acílio Lara Resende um artigo do Rubem Alves (“Ganhei coragem”) publicado na Folha de S. Paulo e disponível na Internet, em que diz:
“Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro ‘O Homem Moral e a Sociedade Imoral’, observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se ‘responsáveis’ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas (…). Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral.”
Acho que esse é o grande drama da democracia. Ela depende do povo, um ser imoral. E perigoso, quando conduzido por políticos demagogos e imorais. Até isoladamente.
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Daí porque vandalismos e linchamentos só são possíveis com um grande grupo, que não se sente mal por abusar de uma pessoa mais frágil, julgada e executada sem qualquer segunda reflexão…
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Disse que vc ia gostar! Faltou postar fotos suas: vc fez, né?! Fui no meu horário de almoço, no começo, quando ainda não havia filas para entrar. Depois voltei raposinho com a Lau e a levei só no que eh mais mágico. Muito legal e encantador. Uma informação bacana: já eh a exposição mais visitada da história do Palácio das Artes – chegou a 100 mil visitantes no fim de semana retrasado. E a dica para quem for eh: leve máquina fotográfica ( sim, lá eh permitido) e vá com tempo para viajar.
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Fiz sim! E um videozinho daquele quadro “Metamorfose”, mas não baixei ainda pra ver se prestaram. Achei sensacional permitirem fotografar tudo e interagir com várias coisas. Perde aquele clima sisudo de museu e acaba atraindo as crianças. Muito legal ter batido recorde! E é boa sua dica. Eu levei 1h30 para ver tudo e ainda acho que aproveitei pouco, mas o tempo tava corrido…
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