Fazia uma linda tarde de sol, com céu azul e jogo do Brasil inaugurando a Copa das Confederações. Aquelas pessoas poderiam estar na piscina, no buteco, ou simplesmente estiradas no sofá de casa, com uma latinha de cerveja na mão, de frente pra TV. Ah sim: também poderiam estar no Facebook.
Mas preferiram sair de casa, empunhando cartazes, faixas, bandeiras, apitos e narizes de palhaço, para protestar por uma causa que é ampla o suficiente para comportar dezenas de grupos diferentes, muitos dos quais apartidários. E, embora estivessem acompanhados de perto por policiais militares, na cavalaria, no choque, a pé, em motos e carros, tudo o que testemunhei desse protesto coletivo foi pacífico, do início ao fim.
Diz a polícia que havia 8.000 pessoas. No Facebook, 21 mil confirmaram. O fato é que havia muita gente, gente que nunca vi reunida, em tamanha quantidade e disposição, nos meus 28 anos de Beagá. Milhares de pessoas que percorreram juntas, ao menos das 14h às 16h30 (tempo em que acompanhei), um trajeto de 3 km.
Abaixo, algumas (mais de cem!) cenas dessas duas horas e meia de protesto (que talvez tenha continuado, mas não acompanhei tudo), sem detidos, sem brigas e sem confusão em todo esse tempo.
***
Quando cheguei, às 14h, havia um pouco de gente ainda na praça da Savassi, onde tinham começado a se reunir às 13h, mas o grosso já se encaminhava para a Praça da Liberdade, fechando todo um sentido da avenida Cristóvão Colombo:
O trânsito ficou uma droga para os desavisados que resolveram ir até a Savassi de carro:
Mas não é que muito motorista, ao longo de todo o percurso, buzinou e fez joinhas em apoio aos manifestantes? Muito mesmo, foi surpreendente:
Teve até motorista de ônibus (vários, aliás) sorrindo para o pessoal e concordando com seus apelos (“Motorista, trocador, quero ver se seu salário aumentou!”). Este aí fez o sinal do quanto ganha sua categoria:
Também teve muito apoio entre passageiros de ônibus, nos prédios, e entre outros pedestres que estavam na rua só observando a carreata:
E, afinal, o que queria toda essa gente? Seus cartazes improvisados trazem muita coisa. São várias as mensagens, reclamações, reivindicações e contestações. Por exemplo:
Além de cartazes, os manifestantes também levaram outros itens para agitar o protesto:
A propósito, esta não foi a única criança que vi, teve mais duas:
E tinha outros cabeças-brancas:
E uma porção de cabeças cobertas:
Aliás, tinha de tudo, minha gente:
Também tinham muitas bandeiras, mas só de um partido político, o PSTU. As pessoas, em vários momentos, gritaram pedindo que abaixassem essa bandeira e que fossem embora, por aquele pretender ser um movimento apartidário. Também foi comum ouvir gritos de “Aqui não tem partido!” e outros criticando o Marcio Lacerda, o Aécio Neves, a Dilma Rousseff e outros políticos. Isso foi bem legal. Mas eis algumas bandeiras que apareceram por lá:
Também havia várias pessoas da imprensa:
Que estavam preocupadas em flagrar possíveis tumultos causados pela polícia, como ocorreram em São Paulo. No entanto, em Beagá, embora estivessem em todos os lugares, os policiais mantiveram uma distância saudável dos manifestantes (e vice-versa):
Também não presenciei nenhuma “depredação ao patrimônio público”. No máximo uns balõezinhos da Fifa estourados:
A única infração que presenciei foi cometida por motoristas afobados que estavam na avenida Afonso Pena e resolveram passar por cima do canteiro central para retornarem. Alguns foram multados, mas ofereço as placas para o caso de a BHTrans ainda se interessar em correr atrás de alguma multa perdida:
Até tu, táxi!
Uma garota ficou extremamente feliz por ter se posicionado no canteiro, bloqueando a passagem de um dos carros, até que um PM se aproximasse para multá-lo. Outra que ficou feliz foi esta aí embaixo, porque deu uma flor a um guarda municipal e ainda fez o dia dele, com um abração público:
Por fim, encerro com algumas cenas gerais, para verem como esteve realmente cheio:
No meio do caminho, marcaram outro protesto para segunda-feira, às 13h, na Praça Sete. Se, por um lado, haverá muito mais pessoas trabalhando, o que deve esvaziar o movimento, por outro, o trânsito da cidade, já caótico, deve parar. Por isso, fica minha recomendação: #vádebusão ou #vádebike ou #váapé, já que #irdemetrô, em Beagá, é quase não querer chegar.
Leia também:
A q hrs é a reuniao?
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Me parece que às 13h.
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Isso mesmo: https://www.facebook.com/events/211554222325392/
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Registro muito bacana!!!
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Obrigada! 😀
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Boa, Cris, adorei! Valeu, BH! Em Salvador já tem mobilização macada para segunda-feira, na região central da cidade. Se eu conseguir sair mais cedo da escola, dou um pulo por lá. 🙂
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Tomara que também seja grande e pacífica como esta!
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Sem violência o mais importante!
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Isso!!
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Ficou muito legal mesmo!
Parabéns!
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Obrigada, Bruno!
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Desculpe-me, mas me emocionei com seu relato.
minhas lágrimas não são de tristeza e sim de alegria em ver que este país tem futuro e finalmente a população quer. E uma música que está na minha cabeça a muito tempo adquiriu outro sentido.:
O poeta está vivo
Com seus moinhos de vento
A impulsionar
A grande roda da história…
Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo
Com seus moinhos de vento…
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Muito massa, Paulo! Tb me emocionei com seu comentário!
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Lindo de ver BH!!
Belíssimas fotos Cristina!! Parabéns!!
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Obrigada!
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Eu gostaria de dizer que eu realmente me emocionei em ver essas fotos, meu orgulho pelas pessoas da nossa cidade e do todo o Brasil aumenta e deixa meus olhos brilhando.
Parabéns pelas fotos!
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Obrigada! 🙂
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Uma observação incidental. No olhômetro (aloatribuição), há cerca de 75% de brancos e 25% de negros entre os manifestantes. Entre a população que acompanha, são 52% brancos e 48% negros. Pelos dados do IBGE, em BH a população branca é de cerca de 55% e negra de 45%.
[]s,
Roberto Takata
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Então havia mais negros acompanhando que participando? Mas não tanto mais, né?
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Cris,
Parabéns pelo relato, pelas fotos. Excelente!
Espero que hoje, após reunião que está acontecendo na Secretaria de Segurança Pública, possamos ver algo semelhante nas manifestações aqui em Sampa. A maioria das pessoas, certamente, não tem como objetivo vandalizar, mas sim exercer seus direitos de cidadão.
“Encontro em SP reúne cúpula da segurança e manifestantes”:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/06/reuniao-em-sp-reune-cupula-da-seguranca-e-manifestantes.html
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Se é verdade o que o Fantástico disse, que estão proibidas as balas de borracha, já será um pequeno avanço.
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Kika! Acompanho seu blog, através do nosso amigo Ricardo Faria.
Parabéns pelo registro em palavras e fotos.
Concordo que a manifestação seja apartidária. Prefiro as bandeiras nas cores do arco-íris. Prefiro o amor pela paz e flores.
Beijos
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Também acho que uma das melhores coisas dessa “geração Y” seja justamente o apartidarismo! protestemos por coisas maiores, do interesse de todos nós! bjos, volte sempre!
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